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O Quadro THE DOCTOR (O Médico)

the doctor

William Moffitt Harris

Professor Doutor Aposentado da Faculdade de Saúde Pública da USP

 

O quadro original em óleo sobre tela, medindo 166,3 cm por 241,9 cm, de “The Doctor”, que foi pintado em 1891, está exposto na Galeria Tate, em Londres. Foi encomendado pela Rainha Vitória a Sir Henry Tate que, por sua vez, comissionou Fildes a pintá-lo por £ 3.000. Em 1894, ele o doou à Galeria Nacional de Arte Britânica. Ao lado do mesmo está o seguinte texto: *

“A obra-prima de Fildes, que se tornou imediatamente popular, foi inspirada na morte de seu filho no dia de Natal de 1877, e pela devoção profissional do médico que lhe deu assistência. Ele deu a seu quadro um final mais feliz, pois mostra o momento, ao raiar do sol, quando a criança apresenta os primeiros sinais de recuperação. Fildes se esmerou em fazer com que o quadro fosse bem convincente, construindo um interior de chalé dentro de seu ateliê, posicionando a janela da cabana em frente à janela do mesmo. Levantava-se a cada dia bem cedinho a fim de pintar à luz matutina quando começava a penetrar no ambiente.”

Luke Fildes (como é mais conhecido) nasceu em Liverpool e viveu boa parte de sua mocidade em Chester, na fronteira com o País de Gales. Estudou arte nas escolas de South Kensington (1863) e na Academia Real (1866). Logo se distinguiu entre os melhores pintores ingleses com “Applicants for Admission to a Casual Ward”(1874), “The Widower”(1876), “The Return of the Penitent”(1876), “The Village Wedding”(1883), “An All-fresco Toilette” (1889). Pintou também muitos quadros da vida de Veneza e muitos retratos notáveis entre os quais a coroação do rei Eduardo VII, a rainha Alexandra, e muitos outros personagens de nobre estirpe.

Ele conheceu Charles Dickens em sua mocidade e ilustrou a capa de sua última obra (inacabada) “The Mystery of Edwin Drood” (1870). Sentiu-se também muito atraído pelos temas sociais prementes da época. Estes influenciaram-no, consideravelmente, em seu trabalho como pintor e anteriormente como gravador em madeira. Foi muito elogiado pelo cunho dickensiano de seu estudo em sua obra. O quadro “Applicants for Admission to a Casual Ward”, a pintura do ano, exigiu um policial e grades para impedir a aproximação da multidão de curiosos e admiradores. Fazia questão de retratar, de forma autêntica, pessoas da rua.

Samuel Luke Fildes foi eleito membro associado da Academia Real em 1879 e acadêmico, com o quadro “The Schoolgirl”, em 1887. Recebeu o título honorífico de Cavaleiro da Ordem da Jarreteira pelo rei Eduardo VII em 1906.

Seus trabalhos se encontram espalhados por diversos museus ingleses (Tate Gallery, Royal Holoway Colege, Russel Cotes Museum, em Bournemouth, museus de Brighton, Warrington e no Lady Lever Gallery em Port Sunlight). Muitas de suas obras são desconhecidas do grande público, por estarem em coleções particulares devido ao fato dele ter sido também um retratista habilidoso e muito apreciado por famílias tradicionais da Grã-Bretanha. Ganhou muito dinheiro com sua aptidão e esmero, tornando-se um dos pintores mais ricos da Inglaterra.

Fazia tanta questão da exatidão em sua arte que criou problemas com alguns de seus retratados. Conta-se que Cecil Rhodes ficou tão furioso com seu retrato, que enviou um bilhete com o cheque dizendo que assim que o quadro chegasse iria queimá-lo. A essa atitude do então já famoso explorador, Fildes reagiu, devolvendo o cheque e guardando o quadro.

 

 

Bibliografia consultada: 1) BINDMAN, David (Ed.) – The Thames and Hudson Dictionary of British Art. London, Thames and Hudson Ltd, 1995. p.87 2) TREUHERZ, Julian – Victorian Painting London, Thames and Hudson Ltd, p. 160,180-184,1993. 3) Verbetes sobre Sir Samuel Luke Fildes em The Encyclopædia Britannica, 13 th ed., 10: 339, 1926 e em BENÉT, William Rose – The Reader’s Encyclopædia, p.380, 1948. 4) os seguintes portais eletrônicos (sites) www.spartacus.schoolnet.co.uk/fildes.nun (offline), www.allaboutart.com.enlarge.asp.site.aaa/#pain/NY/large(offline)

* Tradução livre; foi copiado pelo meu irmão Walter Whitton Harris, médico ortopedista em São Paulo, numa de suas andanças em Londres, de onde trouxe uma fotografia do quadro em cartão-postal.

 

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